Acidente Vascular Cerebral

O cérebro é um órgão ricamente vascularizado. Todos os órgãos para desempenharem corretamente suas funções precisam ser supridos com sangue, que contém a glicose e o oxigênio para o correto funcionamento. Os vasos que irrigam o cérebro possuem diversos calibres, sendo a maioria deles muito delicados. Por vários motivos, estes vasos podem ser interrompidos podendo vir a causar o Acidente Vascular Cerebral ou AVC.

Função do Sistema Nervoso

O sistema nervoso controla as funções orgânicas e a integração ao meio ambiente, ou seja, ele não só controla e coordena as funções de todos os sistemas do organismo como também, ao receber os devidos estímulos, é capaz de interpretá-los e desencadear respostas adequadas a eles. Muitas funções do sistema nervoso dependem da vontade e muitas outras ocorrem sem que se tenha consciência delas. O sistema nervoso é dividido em: 
  • Sistema nervoso central (SNC): é a porção de recepção de estímulos, de comando e desencadeadora de respostas, formado pelo encéfalo e pela medula espinhal, protegidos, respectivamente. pelo crânio e pela coluna vertebral. O encéfalo apresenta três partes (cérebro, cerebelo e tronco encefálico). O tronco encefálico também tem três divisões: mesencéfalo, ponte e bulbo. 
  • Sistema nervoso periférico (SNP): constituído pelas vias que conduzem os estímulos ao sistema nervoso central ou que levam até aos órgãos efetuadores as ordens emanadas da porção central, formado pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas. 
Partes do Sistema Nervoso 

O cérebro é uma estrutura altamente vascularizada. Inúmeras artérias se ramificam em seu interior para levar oxigênio e nutrientes para o seu funcionamento adequado. 

Resumidamente o lobo frontal está mais ligado às decisões e movimentos, o parietal com os movimentos e a sensibilidade do pescoço para baixo e com parte da fala e o occipital com a visão. O cerebelo está ligado com o equilíbrio e o tronco cerebral com a respiração e os movimentos e sensibilidade do pescoço para cima. 

Definição 

O acidente vascular cerebral (AVC) ou acidente vascular encefálico, conhecido popularmente como derrame cerebral, é uma doença caracterizada pela interrupção da irrigação sanguínea das estruturas do cérebro. Ocorre quando o sangue que supre o cérebro com oxigênio e glicose deixa de atingir uma determinada região cerebral, ocasionando uma morte dos neurônios. Acidente significa acontecimento inesperado que, na maioria das vezes, envolve dano e sofrimento; vascular refere-se aos vasos sanguíneos. Esse acidente chama-se vascular cerebral por acometer artérias que irrigam o cérebro danificando a área vascularizada. 

Em que regiões ocorrem? 

O sistema nervoso central todo pode ser acometido por esta doença e ele inclui, além do cérebro, o tronco encefálico, o cerebelo e até a medula espinhal. Dependendo da região atingida, os sintomas e as seqüelas são diferentes. Porém deve-se ter em mente que todo sistema nervoso está interligado podendo uma lesão em uma mínima parte ter grandes repercussões em todo o organismo e suas implicações e a localização da lesão podem ser difíceis de diagnosticar, devendo a pessoa acometida ser avaliada por um médico. 

Tipos de AVCs 

É uma doença de início súbito, que pode ocorrer por dois motivos: isquemia (obstrução arterial) ou hemorragia (rompimento arterial). 

O acidente vascular isquêmico ocorre devido a uma falta de irrigação sanguínea (por obstrução de uma artéria) em um determinado território cerebral, causando morte de tecido nervoso e interferindo as funções neurológicas dependentes daquela região afetada. É tipo mais comum (80%). O AVC isquêmico é subdividido em ACV isquêmico trombótico, em que o coágulo se forma localmente, e AVC isquêmico embólico, quando o coágulo se forma em outras regiões, principalmente no coração, e é levado ao cérebro. Na maioria das vezes, o processo básico que acomete as artérias do cérebro do paciente com acidente vascular isquêmico é a arteriosclerose (formação de placas de gordura ou ateromas, na parede das artérias cerebrais). 

No acidente vascular hemorrágico existe hemorragia (sangramento) local, que ocorre pela ruptura de um vaso sangüíneo intracraniano ou aneurisma (dilatação de uma artéria), levando à uma hemorragia e a formação de um coágulo. Outros fatores complicadores tais como aumento da pressão intracraniana, edema (inchaço) cerebral levam a sinais nem sempre em locais únicos. Em torno de 20% dos acidentes vasculares cerebrais são hemorrágicos. 

Fatores de risco 

Muitos problemas circulatórios, especialmente aos acidentes vasculares cerebrais e as cardiopatias, são responsáveis por um número crescente de mortes. Muitas delas, no entanto, poderiam ser evitadas, pois hoje conhecemos alguns dos principais fatores diretamente relacionados ao surgimento das doenças circulatórias.

Existem diversos fatores considerados de risco para se ter um acidente vascular cerebral, sendo o principal a hipertensão arterial não controlada.

Hipertensão arterial: É o principal fator de risco para acidente vascular cerebral. A hipertensão arterial acelera o processo de aterosclerose (formação de placas de gordura na parede das artérias do cérebro), além de poder levar a uma ruptura de um vaso sangüíneo ou a uma isquemia. O excesso de sal na alimentação pode levar à hipertensão, já que, por problemas osmóticos, um volume maior de líquido é retido no sistema circulatório.

Doenças cardíacas: Qualquer doença cardíaca, em especial as que produzem arritmias, pode determinar um AVC. "Se o coração não bater direito"; vai ocorrer uma dificuldade para o sangue alcançar o cérebro, além dos outros órgãos, podendo levar a uma isquemia. As principais situações em que isto pode ocorrer são arritmias, infarto do miocárdio, doença de Chagas, problemas nas válvulas, entre outras

Colesterol elevado: O colesterol é uma substância existente em todo o nosso corpo, presente nas gorduras animais; ele é produzido principalmente no fígado e adquirido através da dieta rica em gorduras. Seus níveis alterados, especialmente a elevação da fração LDL (colesterol ruim, presente nas gorduras saturadas, ou seja, aquelas de origem animal, como carnes, gema de ovo) ou a redução da fração HDL (colesterol bom) estão relacionados à formação das placas de aterosclerose.

Tabagismo: O hábito é prejudicial à saúde em todos os aspectos, principalmente naquelas pessoas que já têm outros fatores de risco. O fumo acelera o processo de aterosclerose, diminui a oxigenação do sangue e aumenta o risco de hipertensão arterial. Além de a nicotina comprovadamente provoca uma redução no calibre dos vasos sanguíneos (vaso constrição), especialmente nas extremidades (mãos e pés) e nas coronárias. Assim, além de outros males (enfisema, gastrite, úlcera e câncer), o fumo também é um fator importante que aumenta o risco de enfartes.

Consumo excessivo de bebidas alcoólicas: Quando isso ocorre por muito tempo, os níveis de colesterol se elevam; além disso, a pessoa tem maior propensão à hipertensão arterial.

Idade: Quanto mais idosa uma pessoa, maior a sua probabilidade de ter um AVC. Isso não impede que uma pessoa jovem possa ter.

Sexo: Até aproximadamente 50 anos de idade, os homens têm maior propensão do que as mulheres; depois desta idade, o risco praticamente se iguala.

Obesidade: Pois com o aumento do peso aumenta a rede circulatória em todo o corpo, e o coração passa a ter uma sobrecarga no volume de sangue, além de ficar com grandes depósitos de gordura ao seu redor, o que dificulta a sua atividade. Além de aumentar o risco de diabete melito, hipertensão arterial e de aterosclerose; assim, indiretamente, aumenta o risco de AVC.

Sedentarismo: A vida sedentária, sem exercícios, não facilita a dinâmica circulatória, pois não é estimulado o retorno do sangue venoso ao coração e o fortalecimento desse órgão. Por isso, os exercícios regulares e moderados, de baixa intensidade e duração, são importantes na prevenção dessas doenças.

Sintomas 

Os sinais e sintomas de uma pessoa com AVC geralmente dependem do tipo de acidente vascular cerebral que o paciente está sofrendo, se isquêmico ou hemorrágico. Os sintomas podem depender da sua localização e da idade do paciente. Os principais sintomas do acidente vascular cerebral incluem:
  • Cefaléia intensa e súbita sem causa aparente;
  • Dormência nos braços e nas pernas;
  • Dificuldade de falar e perda de equilíbrio;
  • Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna do lado esquerdo ou direito do corpo;
  • Alteração súbita da sensibilidade, com sensação de formigamento na face, braço ou perna de um lado do corpo;
  • Perda súbita de visão em um olho ou nos dois;
  • Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular e expressar palavras ou para compreender a linguagem;
  • Instabilidade, vertigem súbita e intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou vômitos.
Diagnóstico 

A base é o exame clínico. A avaliação laboratorial inclui análises sanguíneas e estudos de imagem (tomografia computadorizada de encéfalo ou ressonância magnética do crânio). Outros estudos: ultrassom de carótidas e vertebrais, ecocardiografia e angiografia podem ser feitos. Um diagnóstico simples de alguém que pode estar tendo um AVC é pedir para sorrir, levantar os braços e dizer alguma frase e pedir que a pessoa repita.

Tratamento 

Geralmente existem três estágios de tratamento do acidente vascular cerebral: tratamento preventivo, tratamento do acidente vascular cerebral agudo e o tratamento de reabilitação pós-acidente vascular cerebral.

O tratamento preventivo inclui a identificação e controle dos fatores de risco. A avaliação e o acompanhamento neurológicos regulares são componentes do tratamento preventivo bem como o controle da hipertensão, da diabete, a suspensão do tabagismo e o uso de determinadas drogas (anticoagulantes) que contribuem para a diminuição da incidência de acidentes vasculares cerebrais. Inicialmente deve-se diferenciar entre acidente vascular isquêmico ou hemorrágico.

O tratamento agudo do acidente vascular cerebral isquêmico consiste no uso de terapias contra a coagulação do sangue que tentam cessar o acidente vascular cerebral quando ele está ocorrendo, por meio da rápida dissolução do coágulo que está causando a isquemia. A chance de recuperação aumenta quanto mais rápida for a ação terapêutica nestes casos. Em alguns casos selecionados, pode ser usada a cirurgia para retirada do coágulo de dentro da artéria. O acidente vascular cerebral em evolução constitui uma emergência médica, devendo ser tratado rapidamente em ambiente hospitalar. A reabilitação pós-acidente vascular cerebral ajuda o indivíduo a superar as dificuldades resultantes dos danos causados pela lesão. Portanto o melhor tratamento para o acidente vascular cerebral é a prevenção.

Bibliografia consultada

LOPES, S.; ROSSO, S. Biologia. 1ª Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. 608 p.

Portal do Coração. Acidente Vascular Cerebral (derrame cerebral). Disponível em : <http://portaldocoracao.uol.com.br/materias.php?c=doencas-cardiovasculares-az&e=1223>.

 Alexandre Duarte Baldin. Atividade física e acidente vascular cerebral. Revista Eletrônica De Jornalismo Científico. Disponível em: <http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=47&id=566>.